A Reserva Natural das
Berlengas situa-se no Arquipélago das Berlengas, 6 milhas a oeste do Cabo
Carvoeiro.
O acesso à Reserva faz-se
a partir do porto de Peniche, tomando quer o barco regular, Cabo Avelar Pessoa
(semelhante a uma traineira adaptada para o transporte de passageiros), quer
uma das muitas embarcações turísticas disponíveis (em ambos os casos o preço é
de 20 € ida e volta por adulto). No primeiro caso a travessia dura cerca de 45
minutos e no segundo cerca de 30 minutos. Optámos por uma destas embarcações
turísticas com capacidade para transportar cerca de 12 passageiros. Durante o
percurso, um dos 2 membros da tripulação esclareceu os passageiros sobre a
condição de reserva natural da ilha, limitação de número de visitantes por dia,
locais a visitar e boas práticas.
Ao chegar à única ilha
visitável do arquipélago, a Berlenga, encontramos um cais do qual se avistam
cerca de duas dezenas de casas de pescadores, um café restaurante e uma pequena
praia numa lindíssima enseada. A praia é realmente pequena; mesmo na maré baixa
os visitantes vêm-se obrigados a estender as suas toalhas praticamente
encostadas umas às outras. Pode ser constrangedor ou, no nosso caso, pode ser
uma maneira de travar conhecimento e pedir o equipamento de mergulho livre
emprestado. É que, de facto, as águas são extremamente límpidas e riquíssimas
em peixes, anémonas e algas, bastando, para os observar, saber nadar fora de
pé, utilizando óculos de mergulho. Uma experiência inesquecível.
A praia também é o
local mais escolhido pelos visitantes para um picnic, sempre acompanhado de
gaivotas juvenis que querem partilhar do nosso farnel.
É de salientar que na ilha não existe nascente
água doce, pelo que o visitante deve fazer-se acompanhar da água necessária ao
consumo próprio, não devendo esquecer as suas garrafas vazias ao partir.
Existem casas de banho públicas limpas e bem mantidas que, naturalmente
funcionam com água salgada.
Pontos de interesse a
não perder: os trilhos pedestres com subida ao planalto do farol, descida
(cerca de 300 degraus) ao Forte de S. João Batista, a fauna, a flora e as
formações geológicas ao redor da ilha. Em qualquer local onde nos encontremos a
vista é deslumbrante. O mar azul e verde de onde emergem rochedos, ora negros
ora de tons avermelhados, cobertos de vegetação rasteira, que estabelecem o
contorno irregular da ilha, formando grutas e outras formações peculiares.
O arquipélago é também
local de nidificação de 7 espécies de aves marinhas registando uma flora
diversa, das quais 3 espécies endémicas.
Quem desejar pernoitar
na Berlenga pode fazê-lo no forte, no parque de campismo ou em quartos alugados
no restaurante da ilha. Em qualquer dos casos, aconselha-se uma informação
prévia detalhada das condições de alojamento (o que levar, quais as restrições
ao consumo de água e de energia elétrica).
Desde a nossa última
visita ao arquipélago, há mais de 20 anos, é visível o enorme esforço que foi
feito para tornar a ilha sustentável a nível social (reconstrução das casas dos
pescadores, das instalações sanitárias, do cais e dos locais de arrumação de
material de pesca), económico (dinamização alternativas de transporte para a
ilha, visitas de barco às grutas, aluguer de embarcações, atividades de
mergulho, etc) e ambiental (controlo da população de gaivotas, na altura uma
verdadeira praga, controlo e monitorização e divulgação das fauna, flora e
formações geológicas). Neste momento, importa fazer-se um maior controlo de
mamíferos invasores, nomeadamente do rato, que perturba o ecossistema e os
visitantes campistas os quais se vêm obrigados a traçar uma fronteira de sal
grosso à volta das suas tendas para impedir as visitas noturnas indesejadas.
Nos próximos 4 anos a
Reserva Natural das Berlengas vai ser alvo do projeto LIFE+ Berlengas
“Conservação das espécies e habitats ameaçados da Zona de Proteção Especial
(ZPE) das Berlengas através da sua gestão sustentável”, uma parceria entre Instituto
da Conservação da Natureza e das Florestas, a Câmara Municipal de Peniche e a Faculdade
de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Este projeto como
principal objetivo “tornar o arquipélago das Berlengas num exemplo de turismo
sustentável e desenvolvimento económico responsável, através da integração de
todas as atividades económicas com os incríveis valores naturais existentes”
envolvendo um investimento de 1 milhão e 380 mil euros, para ajudar a repor
valores naturais do arquipélago, dos quais 50% são co-financiados pela Comissão
Europeia.[1]
Esperamos que a implementação
deste projeto seja eficiente e eficaz, tornando contribuindo para melhorar a
sustentabilidade desta reserva natural.
Fica aqui um link de
uma reportagem, cujos primeiro 5 minutos são dedicados às Berlengas.
Aproveitem!
Anne Nogueira 10/09/2014
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